
O objetivo deste texto é apresentar a visão da MBS Engenharia sobre a Engenharia da Lucratividade, no formato de uma ementa de curso de pós-graduação de 360 horas. Representa o conteúdo de referência que o professor Mozart Bezerra da Silva reúne para preparar cursos de desenvolvimento e reciclagem profissional presenciais e à distância.
De posse desta visão macro, os alunos MBS têm mais condições de avaliar os conteúdos individuais que são propostos nos treinamentos, comparando-os com o conteúdo geral que serve de meta para o professor.
1 – Considerações sobre a Engenharia da Lucratividade
A lucratividade é o melhor indicador para o monitoramento e o controle do desempenho em todas as fases do ciclo de vida de um empreendimento de construção civil. Esta ideia está embutida na própria definição de Engenharia. Mas se isso não parece assim tão claro, por que não tornar mais explícita a denominação da Engenharia, chamando-a de “Engenharia da Lucratividade”? Sabe-se que a Engenharia é a ciência ou a arte de aplicar conhecimentos de Física e Matemática sobre os materiais e as forças da natureza a fim de produzir riqueza em benefício da humanidade. As leis científicas são aplicadas para a construção de estruturas estáticas (obras de construção civil, por exemplo) ou estruturas dinâmicas (máquinas, por exemplo) com o objetivo de obter os melhores resultados econômicos, entre eles: menores custos de construção, distribuição, operação e manutenção; aliado a um alto nível de segurança, pois a obra não pode ruir nem a máquina explodir. A Engenharia é aplicada em diversas áreas de conhecimento, sempre em conjunto com os conhecimentos de Economia, entre elas: a engenharia aeronáutica, civil, de produção, de software, de alimentos, elétrica, eletrônica, genética, hospitalar, industrial, legal, mecânica, naval, nuclear e química. A Economia insere na Engenharia os conceitos de benefícios, criação de riqueza, análise de custos, gerenciamento de riscos e lucratividade, entre outros. A expectativa de lucratividade precisa ser estimada logo no início do processo de construção, no Estudo de Viabilidade e, se considerada interessante, é a responsável pela tomada da decisão de empreender ou construir. Durante a elaboração do projeto, a meta de lucratividade acaba interferindo na definição do escopo da obra, em especial no nível de acabamento e na quantidade de equipamentos e instalações que farão parte da construção. O custo só poderá ser superior à estimativa inicial se a estimativa de receita também tiver aumentado. Durante a execução da obra, alterações de escopo, prazos, inflação, juros, entre outras, alteram continuamente a expectativa de lucratividade ao final. Apesar de alguns fatores não serem monitoráveis pelo empresário, outros podem ser de alguma forma controlados para aumentar as chances de se obter a meta de lucratividade preestabelecida. Caso a construtora não seja responsável por alterações imprevisíveis observadas no processo construtivo, poderá exigir o reequilíbrio econômico-financeiro, pleiteando um valor extra para garantir o recebimento da lucratividade inicial. Ou seja, a lucratividade é sempre o parâmetro direcionador. É difícil imaginar a Engenharia sem a possibilidade de calcular a relação entre o custo e o benefício de suas soluções. Alguém chegou a definir Engenharia como: “A arte de não construir o que é desnecessário, de fazer algo tão bom com um dólar, quanto um indivíduo obtuso pode fazer com dois, de uma maneira ou de outra”. A Engenharia da Lucratividade trata com mais objetividade os temas da Engenharia Econômica e a Engenharia de Custos, em nossa opinião. A Engenharia Econômica foca na fase da viabilização do empreendimento, embutindo conhecimentos de engenharia nos processos financeiros estratégicos para a tomada de decisões empresariais, construindo modelos quantitativos para a gestão de custos e riscos. A denominação de Engenharia Financeira ficou reservada ao Mercado de Capitais. A Engenharia de Custos foca na orçamentação do projeto, obra ou serviço de Engenharia, aplicando conhecimentos dos processos de engenharia na contabilidade de custos, de modo a obter a composição detalhada do preço. Trata do custeio dos recursos, das atividades e das tarefas do projeto, da estrutura de custos nas aquisições, de negociações com fornecedores baseadas em custos, da administração de pleitos e contratos e da implementação de estratégias de redução de custos em projetos. A Engenharia da Lucratividade seria uma Engenharia Econômica aplicada também sobre a fase de projeto e construção, misturada com o detalhamento da Engenharia de Custos aplicado a alguns aspectos da viabilização e da lucratividade do contrato de empreitada e do empreendimento imobiliário.2 – Curso de pós-graduação de 360 horas
Segue o esboço de uma minuta de curso de pós graduação de 360 horas, com a seleção de disciplinas e sugestão de suas cargas horárias.2.1 – TÍTULO DO CURSO
Engenharia da Lucratividade na Construção Civil.2.2 – JUSTIFICATIVA
A proposta deste curso de pós-graduação se justifica pelo fato dos cursos de graduação de Engenharia Civil e de Arquitetura não incluírem em seus programas disciplinas nas áreas de Economia, Finanças e Gerenciamento de Projetos. Este fato é percebido pelo perfil dos participantes nos cursos rápidos de formação continuada de “Planejamento de Obras” e “Orçamento de Obras”, ministrados mensalmente em São Paulo nos últimos 27 anos. São estudantes, profissionais recém-formados e profissionais experientes que desejam se capacitar na área de Planejamento e Orçamento de Obras, e que relatam que não tiveram este ensino nas faculdades de Arquitetura e Engenharia. Sabe-se que os profissionais que elaboram estudos de viabilidade e serviços de planejamento e orçamento de obras, foram se desenvolvendo durante os vários anos de atividade. Muitos deles não fazem uso das melhores práticas, justamente por falta de embasamento teórico. Surge a oportunidade de oferecer aos recém-formados e profissionais de pouca experiência a possibilidade de se capacitar rapidamente para colaborar com a formação da estratégia e das ações táticas das empresas construtoras e incorporadoras de imóveis. A especialização nesta área tem, em nossa opinião, potencial para a conquista de melhores funções e salários. Refletindo nas discussões desenvolvidas sobre a proposta da “Engenharia da Lucratividade”, foi possível refinar o programa do curso de pós-graduação, a partir das seguintes constatações, entre outras:- O nome “Engenharia da Lucratividade”, bastante amplo, envolve o conceito de Engenharia e a ideia geral de lucratividade, conduzindo o pensamento para a macroeconomia, para as estratégias da busca de inovação e da criação de riqueza;
- O público-alvo visualizado seria de profissionais experientes buscando um refinamento profissional; tal como, por exemplo, o curso de pós-graduação promovido pela FGV e divulgado pelo Sinduscon SP;
- Seria interessante uma abordagem mais genérica, não se restringindo o assunto à área da construção civil.
2.3 – OBJETIVOS
O objetivo da especialização consiste em capacitar Engenheiros e Arquitetos a viabilizar negócios de construção, a desenvolver planejamentos, a elaborar orçamentos de obras e a controlar prazos e custos durante o andamento da obra.2.4 – EMENTA
O curso apresenta disciplinas de Engenharia Econômica, Engenharia de Custos, Contabilidade e Gerenciamento de Projetos, entre outras, organizadas nos seguintes temas:- Técnicas e ferramentas matemáticas – Banco de Dados e Modelos de cálculo com MS Excel. Avaliação de Projetos de Investimento. Estimação: Estimativa da média e margem de erro. Criação aleatória de cenários. Método AHP: Criação de indicadores para análises qualitativas.
- Viabilidade Empresarial – Direito Comercial. Direito Administrativo. Serviços de Arquitetura e Engenharia. Certificação Empresarial na Construção Civil. Metodologia de Pesquisa. Contabilidade: Análise das Demonstrações Financeiras. Planejamento Estratégico e Marketing na Construção Civil.
- Viabilidade de obras e empreendimentos –Viabilidade Técnico-Econômica. Estimativas de Custos. Engenharia de Avaliações. Viabilidade de Empreendimentos: Sistemas Preço Fechado e Locação/Renda, Sistemas MCMV e Preço de Custo. Análise Econômico-Financeira de Contratos de Empreitada.
- Planejamento de Obras – Gerenciamento do Escopo. Gerenciamento do Tempo. Gerenciamento de Riscos.
- Orçamento de Obras – Contabilidade de Custos. Engenharia de Custos: Composições Unitárias e Taxa de BDI. Orçamento de Obras: Quantificação dos Serviços e Relatórios.
- Processos de Monitoramento e Controle – Modelagem BIM. Construção Enxuta. Monitoramento e Controle dos Prazos. Monitoramento e Controle dos Custos. Reivindicações: Reequilíbrio Econômico-Financeiro de Contratos